Operação Rejeito: Ação da Polícia Federal Revela Escândalos em Minas Gerais
A Operação Rejeito, desencadeada na quarta-feira (17/9) pela Polícia Federal, trouxe à tona um esquema de corrupção que envolve o vice-prefeito de Itaúna, Hidelbrando Canabrava Rodrigues Neto (PL), que também era secretário municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. Acusado de ser um dos articuladores das fraudes, Hidelbrando está no centro de uma investigação que visa desmantelar uma organização criminosa supostamente responsável por movimentar cerca de R$ 1,5 bilhão em irregularidades no setor de mineração em Minas Gerais.
As autoridades, em colaboração com a Controladoria-Geral da União, o Ministério Público Federal e a Receita Federal, investigam uma rede complexa de fraudes que teria causado danos ambientais significativos. Hidelbrando, de acordo com os documentos judiciais, aparece como sócio em negócios suspeitos relacionados à exploração de recursos minerais, incluindo uma sociedade com o lobista Gilberto Henrique Horta de Carvalho, que foi preso durante a operação.
Empresas e Vínculos Suspeitos
A investigação detalha que Hidelbrando formou parcerias com outros indivíduos implicados em diversas atividades empresariais, levantando suspeitas sobre a obtenção de licenças ambientais de forma fraudulenta para beneficiar grupos mineradores em investigação. Um relatório da Polícia Federal menciona a criação da HCRN Assessoria e Consultoria Ambiental Ltda., em abril de 2021, que é atribuída a Hidelbrando e que possui vínculos com outras empresas ligadas ao lobista preso.
Essas conexões empresariais indicam uma possível articulação para obter licenças de maneira irregular, favorecendo interesses minerários que estão sob investigação. Além disso, Hidelbrando teria desempenhado papéis operacionais significativos dentro da organização, facilitando a comunicação entre empresários e autoridades, além de estar envolvido em reuniões estratégicas a respeito de contratos de bilhões.
O Papel de Hidelbrando em um Esquema Maior
Os documentos judiciais revelam que Hidelbrando atuou em funções chaves de articulação, conforme indica a decisão judicial que fundamentou a operação. Ele esteve ativamente presente em negociações que envolviam contratos com um potencial econômico superior a R$ 3 bilhões. Seu histórico inclui cargos importantes na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Social de Minas Gerais, onde ocupou posições como secretário executivo e subsecretário de Regularização Ambiental entre 2014 e 2020.
A operação também investiga outros indivíduos, incluindo o delegado da Polícia Federal, Rodrigo de Melo Teixeira, que é acusado de atuar como gestor oculto de empresas ligadas ao esquema. Outros investigados, como Gilberto Carvalho, atuaram como intermediários de propinas, enquanto Úrsula Deroma e seu filho, Phillipe Deroma Furtado, são citados por suas funções na organização criminosa.
Efeitos e Repercussões da Operação Rejeito
A Operação Rejeito resultou em ações rigorosas, incluindo a execução de mandados de busca e apreensão, além de 15 prisões preventivas e o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em ativos. As autoridades relatam que a organização utilizava mais de 60 empresas para executar suas atividades, devastando o meio ambiente mineiro. A corrupção de servidores públicos para a liberação de licenças em áreas de risco, como barragens, também foi um dos pontos destacados pelas investigações.
As análises indicam que os projetos associados à organização criminosa têm o potencial de gerar até R$ 18 bilhões em receitas, o que evidencia a gravidade da situação.
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Reação da Prefeitura e Posição do Vice-Prefeito
A Prefeitura de Itaúna se manifestou, afirmando que as alegações não têm relação com as funções públicas exercidas pelo vice-prefeito, caracterizando a investigação como de natureza pessoal. Em um comunicado oficial, a administração municipal expressou seu compromisso com a ética e a transparência, confirmando a exoneração de Hidelbrando da Secretaria Municipal de Meio Ambiente até que a situação seja esclarecida.
A nota ressalta que Hidelbrando, como qualquer cidadão, tem o direito à ampla defesa e à presunção de inocência, reafirmando o compromisso da gestão com a integridade institucional e a confiança da população. A reportagens tentativas de contato com Hidelbrando e outros envolvidos não tiveram retorno até o fechamento desta matéria.