Reflexões sobre Universidade e Democracia
No dia 8 de outubro, a Associação dos Docentes da PUC Minas (ADPUC) celebra seu quadragésimo aniversário com um evento especial. A mesa redonda intitulada “Universidade e Democracia: 40 anos de redemocratização do Brasil” ocorrerá a partir das 19h no Teatro João Paulo II, situado no Prédio 30 da PUC Minas Coração Eucarístico (acesso 5). Entre os debatedores está a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, que dividirá o palco com a professora Léa Souki, ex-pró-reitora de Pesquisa e de Pós-graduação da PUC Minas, e o professor Luis Felipe Miguel, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).
A inscrição para o evento é gratuita e dará direito a um certificado de participação. Marcos Nascimento, professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC Minas e diretor de comunicação e cultura da ADPUC, destacou que a ocasião servirá para refletir sobre a trajetória democrática do Brasil, abordar os desafios atuais e traçar o futuro da universidade como espaço de liberdade científica e pensamento crítico.
Sobre os Participantes
A reitora Sandra Goulart, graduada em Letras pela UFMG, possui mestrado e doutorado em Literatura pela University of North Carolina System (EUA). Entre 2021 e 2023, presidiou a Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM), uma rede de universidades que trabalha para enfrentar os desafios da educação superior global. Em 2022, assumiu a presidência do Worldwide Universities Network (WUN) por um período de dois anos, e atualmente está em seu segundo mandato como reitora da UFMG, após ter sido vice-reitora na gestão de 2014 a 2018.
Por sua vez, a professora Léa Souki graduou-se em Ciências Sociais pela UFMG, onde também obteve seu mestrado em Ciência Política, além de ser doutora em Sociologia pela UnB. Ao longo de sua carreira, Souki conciliou atividades de docência, pesquisa e gestão acadêmica, com foco em temas como democracia e cultura política. Em 2022, após 48 anos de dedicação à PUC Minas, ela se aposentou.
Já o professor Luis Felipe Miguel, titular do Instituto de Ciência Política da UnB e pesquisador do CNPq, é coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê). Entre suas publicações, destacam-se obras relevantes como “Democracia e representação: territórios em disputa” (Editora Unesp, 2014) e “Democracia na periferia capitalista” (Autêntica, 2022).
A Universidade como Pilar da Democracia
Para o professor Marcos Nascimento, a universidade não deve ser vista como um espaço de intolerância ou autoritarismo. “Ela sempre esteve a serviço da democracia, promovendo conhecimento crítico e fortalecendo as práticas democráticas no país”, afirmou. A ADPUC reforça a ideia de que as universidades têm desempenhado um papel fundamental na luta pela democracia nas últimas quatro décadas, resistindo a projetos considerados retrógrados, incluindo reformas trabalhista e previdenciária. Esta postura remete ainda ao período da ditadura militar, quando as instituições acadêmicas apoiaram o movimento Diretas Já! e participaram de grandes mobilizações pela educação, como os protestos de 2019 em defesa do ensino público.
A ADPUC também destacou a relevância das universidades durante a pandemia de coronavírus, que não apenas contribuíram para o desenvolvimento de vacinas e atendimento médico, mas também foram essenciais na luta contra desinformação e fake news. “A universidade enfrenta desafios significativos diante das transformações globais e das ameaças à sua autonomia no Brasil. Portanto, é vital reafirmar seu compromisso com a construção de uma sociedade democrática, plural e soberana”, concluiu o professor Nascimento.