Registro Aprovado no Rio de Janeiro
A certidão de nascimento da recém-nascida Tumi Mboup, que foi inicialmente rejeitada em dois cartórios de Belo Horizonte, finalmente foi emitida no Rio de Janeiro. O pai da menina, Fábio Rodrigo Vicente Tavares, teve sucesso ao registrar o nome africano escolhido pela família na última quinta-feira (2).
No estado de Minas Gerais, apenas o primeiro nome, Tumi, foi aceito, pois o segundo nome, Mboup, foi considerado um sobrenome, o que gerou resistência por parte das autoridades. Além disso, a Justiça alegou que a pronúncia do nome dificultava o registro.
Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, Tavares expressou seu alívio após conseguir o registro sem contratempos no cartório fluminense. “Não houve crise alguma. Estávamos muito angustiados, pois a Tumi completou dez dias de vida hoje. Estou muito aliviado! O nome dela ficou tão bonito, não conseguia imaginar minha filha com outro nome”, declarou.
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Fonte: olhardanoticia.com.br
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Fonte: acreverdade.com.br
A mãe, Kelly Cristina da Silva, também compartilhou a emoção da família ao receber a notícia do registro. Ela deu à luz em 22 de setembro, e até então, a filha não possuía certidão de nascimento. “Aqui em casa, foi uma choradeira. É uma alegria saber que agora ela tem CPF, que podemos sair com ela e fazer consultas. É um alívio imenso”, comemorou.
A Recusa da Justiça Mineira
O caso de Tumi gerou ampla repercussão após os pais denunciarem a negativa do registro civil em dois cartórios da capital mineira devido à escolha de nomes africanos. A tentativa de registro ocorreu apenas dois dias após o nascimento da bebê, que aconteceu no Hospital Sofia Feldman, onde existe uma extensão do Cartório de Venda Nova, em Belo Horizonte. O segundo nome, Mboup, foi rejeitado sob a justificativa de que seria um sobrenome.
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Fonte: daquibahia.com.br
Além dos cartórios, a Justiça de Minas Gerais negou o registro do segundo nome, aceitando somente o primeiro. O significado dos nomes escolhidos é significativo: “Tumi” traduz-se como lealdade, enquanto “Mboup” é um sobrenome comum no Senegal e em outros países africanos. Para o pai, o nome representa uma homenagem ao respeitado intelectual senegalês Cheikh Anta Diop, autor de obras que discutem a unidade cultural da África Negra.
Para a família, a escolha do nome é mais do que uma simples decisão estética; trata-se de um ato político de reafricanização e resistência à colonização. Fábio destacou: “Tumi Mboup” carrega significados profundos relacionados à ancestralidade africana e à luta contra a opressão histórica. O casal, que reside no Brasil, considera a nomeação uma maneira de preservar a origem e a identidade da criança desde o seu nascimento.
A prática de colonização muitas vezes começa ao despojar os indivíduos de seus nomes, resultando em uma perda de identidade e origem. Por isso, dar um nome africano é, segundo Tavares, “o primeiro passo para reafricanizar”.
Implicações da Escolha do Nome
O episódio levanta questões sobre a aceitação de nomes que refletem a cultura africana no Brasil. A negativa da Justiça em aceitar o nome Mboup representa um desafio enfrentado por muitos pais que buscam preservar suas raízes culturais e identidades em um contexto onde a colonização teve um impacto duradouro.
A luta dos pais de Tumi Mboup ilustra a necessidade de um diálogo mais amplo sobre a diversidade cultural e a importância de respeitar as tradições e a herança de cada indivíduo. O caso ressalta também a urgência de repensar normas que podem ser consideradas discriminatórias e que não reconhecem a pluralidade cultural do país.