Colírio de Soro Autólogo: Um Avanço na Saúde Ocular
A Fundação Hemominas marca um novo capítulo em sua trajetória ao introduzir um inovador produto hemoterápico voltado para a saúde pública em Minas Gerais. Por meio do Centro de Tecidos Biológicos (Cetebio), a instituição deu início à produção do Colírio de Soro Autólogo (CSA), uma alternativa terapêutica segura e personalizada no tratamento de distúrbios oculares graves.
Este colírio é formulado a partir do próprio sangue do paciente, o que minimiza os riscos de rejeição e potencializa a eficácia do tratamento. Até o momento, 16 pacientes foram beneficiados, incluindo Davi Henrique Leonel, um estudante de apenas 12 anos.
O menino, que enfrenta severo ressecamento ocular devido à Síndrome de Stevens-Johnson, encontrou alívio após receber o CSA. Ele desenvolveu essa condição após uma grave reação alérgica a um medicamento, que resultou em lesões na pele e nas mucosas, afetando suas córneas e causando ressecamento intenso, além de perda parcial da visão.
Com o agravamento do seu quadro clínico, Davi foi indicado para o tratamento com o CSA. No Hemocentro de Belo Horizonte, ele passou com tranquilidade pela segunda coleta de 50 tubos de sangue, que resultarão em cerca de 70 frascos de colírio, suficientes para uso por aproximadamente três meses.
Cristiano, pai de Davi, expressa sua satisfação com a melhora do filho. “Antes, ele precisava aplicar colírio a cada uma hora, devido ao ressecamento constante. Agora, a frequência diminuiu para a cada três horas, e a hidratação dos olhos melhorou bastante”, relata.
Como é Produzido o Colírio de Soro Autólogo
A produção do CSA ocorre após a coleta de sangue, que é enviada ao Cetebio, localizado em Lagoa Santa. Nesse local, os tubos são centrifugados para separar o soro, a fração líquida do sangue. Em seguida, o soro é diluído em uma solução de cloreto de sódio, de acordo com a concentração indicada pelo médico, e é então envasado em frascos adequados.
Todo o procedimento acontece em um ambiente totalmente estéril, conhecido como sala limpa. Antes de ser disponibilizado ao paciente, uma amostra do colírio passa por rigorosos testes microbiológicos. Somente após a aprovação nos testes de esterilidade, os frascos são entregues ao paciente, que recebe instruções sobre como usar e conservar o produto.
O bioquímico e gerente do Banco de Células do Cetebio, Maurício Colombini Martins, enfatiza a segurança do procedimento. “O colírio só é liberado ao paciente após a certificação de que está apto para o uso”, assegura. Ele complementa que pacientes com condições severas, como a síndrome do olho seco, têm apresentado melhorias significativas na hidratação ocular com a aplicação do CSA.
Importância do Colírio para a Comunidade
A presidente da Hemominas, Kelly Nogueira, destaca que a produção do colírio é um marco para a instituição. “Foi um esforço conjunto de toda a equipe do Cetebio, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e do Governo de Minas para que essa iniciativa se tornasse viável. É mais um serviço de qualidade que a Hemominas oferece para a população mineira”, ressalta.
O CSA é especialmente indicado para tratar distúrbios graves da superfície ocular, como aqueles associados à Síndrome de Sjögren, disfunção lacrimal e doença do enxerto contra o hospedeiro. Embora se trate de uma terapia personalizada que não requer registro sanitário na Anvisa, o produto é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina para uso terapêutico.
No momento, a Fundação Hemominas desenvolve a produção do CSA em parceria com o Hospital São Geraldo, uma unidade funcional do HC-UFMG/Ebserh, que é referência no atendimento oftalmológico.
