Audiência de Custódia Mantém Prisão do Suspeito
No último domingo (21/12), durante audiência de custódia, ficou confirmada a prisão do garçom de 27 anos, acusado de agredir a mulher trans Alice Martins, de 33 anos, em Belo Horizonte, ocorrida em outubro deste ano. A detenção do suspeito foi autorizada pela Justiça na sexta-feira (19), quando ele foi encontrado na casa da avó, localizada no bairro Penha, na região Nordeste da capital. A investigação aponta que Alice Martins faleceu em 9 de novembro, como consequência das agressões sofridas. O outro suspeito do crime, até o momento, não foi preso.
Durante a audiência, o réu negou ter sido agredido durante a abordagem policial. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu que a prisão fosse comunicada imediatamente à autoridade competente. Já a defesa do garçom solicitou sua liberdade provisória, com aplicação de medidas cautelares.
Na decisão judicial, foi afirmado que não houve ilegalidade ou abuso por parte da polícia durante a execução do mandado de prisão. “O cumprimento foi regular”, garantiu o juiz responsável. “Sobre a solicitação de liberdade provisória, deve ser feita ao Juízo competente. Além disso, a autoridade responsável pela custódia deve assegurar assistência médica e medicamentos ao detido, visto que ele mencionou na audiência o uso contínuo de medicações”, concluiu a decisão.
Contexto do Espancamento de Alice Martins
Alice Martins Alves faleceu no dia 9 de novembro, após ter sido brutalmente espancada em 23 de outubro na esquina da avenida do Contorno com a Getúlio Vargas, na Savassi, um dos bairros mais movimentados de Belo Horizonte. As investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) revelaram que a agressão foi cometida por dois funcionários do Rei do Pastel, que já foram ouvidos pela polícia.
Após a agressão, Alice tentou buscar ajuda e foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul, e posteriormente para um hospital particular, onde infelizmente não sobreviveu aos ferimentos. Detalhes sobre o crime continuam a ser investigados.
Identificação dos Suspeitos e Motivações do Crime
Os acusados de cometer o crime são dois trabalhadores do Rei do Pastel, um local conhecido na área Centro-Sul de Belo Horizonte. Ambos estão sendo investigados por feminicídio com motivação transfóbica.
De acordo com a apuração da Polícia Civil, Alice Martins teria deixado o estabelecimento sem quitar uma conta de R$ 22. Após essa ação, ela foi perseguida e atacada por dois homens. O ataque só cessou quando um motociclista presenciou a cena e acionou socorro, mas a mulher sofreu graves ferimentos, incluindo fraturas nas costelas e uma perfuração intestinal. O inquérito policial classificou a motivação da agressão como transfobia.
Posicionamento do Rei do Pastel
Em uma nota oficial divulgada no dia 14 de novembro, o Rei do Pastel expressou seu compromisso em colaborar com as investigações, fornecendo todas as informações solicitadas pelas autoridades competentes. “Estamos confiantes que a polícia realizará um trabalho sério e eficiente, buscando a apuração correta dos fatos e a responsabilização dos culpados”, afirma parte da nota.
O estabelecimento ainda ressaltou que não apoia qualquer forma de discriminação relacionada à identidade de gênero, orientação sexual ou raça. “Nos solidarizamos com os familiares e amigos de Alice, reafirmando nosso compromisso com um ambiente de respeito e harmonia”, completou a nota.
Quem Era Alice Martins
Alice Martins Alves era uma mulher trans com uma personalidade vibrante, conhecida por sua determinação e inteligência. Seu pai, Edson Martins, de 66 anos, descreve-a como uma lutadora pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. “Ela era excepcionalmente inteligente, autodidata em inglês, e tinha muitos planos para o futuro, incluindo abrir um negócio de alimentação”, recorda Edson.
Com muito orgulho, ele conta que Alice sempre buscou aproveitar a vida, apesar dos riscos que enfrentava. “Infelizmente, sua vida foi ceifada por alguém que não respeitava o amor e a existência do próximo”, lamenta o pai, emocionado. A tragédia da morte de Alice Martins destaca a necessidade urgente de combate à transfobia e à violência contra a comunidade LGBTQIA+ no Brasil.
